Hai uns anos em Brasília, o Presidente do Senado e ex Presidente da República José Sarney afirmou diante de uma delegação do Parlamento Europeu que a Brasil lhe convinha contar com a experiência de um operário como Presidente. Era uma forma, disse-nos, de assegurar a integração e unidade do país.
Depois de sete anos pode-se considerar que aquela asseveração foi assisada, mas a experiência da Presidência de Lula foi para além. Consolidou o Orçamento do Estado e estabilizou a economia, eliminando radicalmente a dependência do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Assegurou o investimento estrangeiro e levou adiante ao mesmo tempo uma política social destinada à árdua tarefa histórica de integrar a todos os marginados, com resultados estimuladores, abrindo a esperança para as favelas serem superadas, os sem terra contarem con ela e todos os meninhos irem a escola. Mália a crise global, a economia do país medrou 5,10% em 2008, pouco menos que o 5,67% de 2007 e neste 2009 pode situar-se entre 3% e 4%. Brasil conta hoje com uma grande presença internacional, aparecendo no planeta par de China ou Índia como um dos novos actores principais. Com toda sua potência demográfica, territorial, económica e cultural e resolvendo mediante o diálogo os conflitos que pudo ter com os países vicinhos, procurou a unidade com todos Estados latinomericanos, de Argentina a Venezuela e de Chile a Cuba, mostrando uma meritória independência a respeito dos EEUU acostumados a dividir aos latino-americanos mediante interessados pactos bilaterais.
Agora, preparando a reunião de Abril do G20 em Londres para tratar da crise, reuniu-se em Washington com o Presidente dos EEUU Barack Obama. Lula da Silva, e o Partido dos Trabalhadores que contribuiu a fundar, sempre defenderam que o mantimento por Brasil de boas relações com os Estados Unidos não podia supor uma traição aos seus princípios democráticos e socialistas e muito menos aos países irmãos latino-americanos. A diplomacia brasileira mantém perante o Governo de Obama que a aproximação dos Estados Unidos a Latino América passa também polo respeito da independência de Cuba e de Venezuela, sem embargos nem pressões políticas.
Parece que Lula e Obama se entenderam. O brasileiro tem ao estado-unidense como um dirigente saído do povo e Barack Obama afirmou que sempre lhe prestou admiração. Supõe-se que se referiu à valorosa batalha de Lula para ser Presidente, conseguindo-o depois de várias derrotas vitoriosas. Os EEUU sabem que o centro de Latino América está no Brasil. Sabe-no já igualmente os Estados da União Europeia que irão a Londres.
Um tempo antes de ir a Washington Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com Fidel Castro na Havana e com Raúl Castro em Brasília. Respeitam-se e compreendem-se. Depois de todo, o pai dos Castro falava a mesma língua que Lula.
Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004.