De acordo com as previsões estatísticas, o desemprego no Estado espanhol afectará no ano próximo a 4,5 milhões de persoas, uma cifra que no segundo trimestre de 2009 chegou a 4,14 milhões, sem que deva servir de consolo que o incremento sobre o primeiro trimestre, 126,7 mil persoas, fora menor que o que se vinha produzindo con anterioridade. A taxa de desemprego coloca-se assim em 17,92%, duplicando á média da UE, 8,7% e superando desmedidamente à dos demais Estados membros. Não só à dos que têm menos desemprego, como Holanda, Áustria ou Dinamarca, com 3,2%, 4.3% e 4,5%, senão também à de alguns de menor renda per capita, como Romenia entre os recém incorporados ou Grecia entre os máis antigos, com 6,1% e 7,6%.
No Estado espanhol a taxa de desemprego castiga ainda mais aos trabalhadores estrangeiros, prejudicando a 1,04 milhões de trabalhadores, 28% do total dos ocupados, dentro de um grupo social de 4,791% milhões de persoas.
Os dados revelam que no Estado espanhol coincidem duas crises superpostas: a global, que levou aos paises da UE a uma cifra de desemprego de 8,7% e a EEUU de 9,5%, e outra particular derivada de um crecimento irresponsável e insustentável, fundamentado basicamente no sector da construção, que explica aquel 17,92% de desempregados e uma parte substancial da imigração dos últimos anos.
O dia que se anuncie o fim da crise global, no Estado espanhol ficará ainda por resolver o problema da crise específica, que afecta a polo menos a metade dos 4,5% milhões de desempregados previstos para 2010. Uma boa parte trabalhavam na construção e actividades relacionados com ela, sem que possam nem devam voltar a esse sector. Todos têm direito a trabalhar, mas a maioria são persoas que só contavam com um contrato temporário, não dispondo em geral da qualificação necessária para se integrarem em actividades tecnologicamente mais avançadas, como as que se di desde o Governo estatal que substituirão às que como a construção predominaram até agora na criação de emprego. Um problema quase irresolúvel que é precisso resolver.
Não se encontrará uma solução nem silenciando-o ou ignorando-o, como fixo o Presidente do Governo estatal, quando dixo que aqui se sairá da crise ao mesmo tempo que os demais Estados da UE, nem servindo-se irresponsavelmente do problema demandando, como fixo o Presidente do Partido Popular, remedios milagreiros como a reforma laboral, a redução de impostos e a austeridade. Sabendo antes de nada que a crise obriga a melhorar as prestações devidas aos desempregados, é de tolos que, tratando-se de cómo reempregar a máis de dous milhões de pessoas que necessitam uma requalificação profissional, se pretenda começar com reformas que incluam a rebaixa da cotações sociais e a redução de salários e vaiam na direção do livre despedimento e a anulação da indemnização correspondente, como pretendem os agitadores da Confederación Española de Organizaciones Empresariales, o PP e incluso responsáveis do Banco de España. Uma via essa que atenta contra os direitos laborais conquistados e não resolve em absoluto o problema colocado, como mostra significativamene o facto de os EEUU, onde reina esse sistema de relações laborais, terem com a crise uma porcentagem de desemprego superior à media da UE e muito mais que alta que a da maioria dos Estados membros da União.
A questão e cómo criar num tempo razoavelmente curto dous milhões de novos empregos que se definam por uma certa carga tecnológica e inovadodra ao tempo que se melhora a qualificação profissional dos desempregados e se abre a porta aos xovens que entram na idade de trabalhar. Este é o desafio real para os poderes públicos, para os verdadeiros empresarios e para os trabalhadores. Uma questão esta da que não se fala e que atinge mais directamente às Comunidades Autónomas com maior desemprego como Andalucia (17,92%), Aragón (25,41%), Baleares (18,15%), Valencia (21,22%) ou Murcia (20,16%) e menos a outras -a que menos o País Vasco (10,52%)-, entre elas Galiza, que neste momento tem un nível de desemprego de 12,93%, mui por debaixo da média estatal.
E esta unha ocasião que Galiza não pode perder. Sem sofrer na mesma medida as consequências da crise da construção e do crecimento insustentável da economia que se produzíu na economia estatal, um Governo galego que merecer tal nome deveria trabalhar num ambicioso plano de criação de empresas e emprego que se apoie na relevante capacidade da indústria e dos sectores primarios do país, permitindo acabar com as graves carências que ainda obrigam a emigrar a tanta gente, tão preparada como temos.
Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004.