Reconhecidos na Constituição os Estatutos de Autonomia da Segunda República que foram plebiscitados em Catalunya, Euskadi e Galiza, pouco tempo faltou para desde as instituições do Estado ser instrumentada uma estratégia política de igualação competencial restritiva, reduzindo o alcance dos Estatutos das nacionalidade ao próprio dos sucesivos Estatutos de região. A accão do poder central seguíu passo a passo um caminho que conducía de novo ao Estado provincializado, agora con Comunidades Autónomas, que no século XIX supuxera a eliminação do último reduto simbólico das instituições do Reino de Galiza.
Agora, com o rejeitamento nas Cortes do novo Estatuto proposto polo Parlamento de Euskadi, a impossibilidade de consensuar em Galiza o Estatuto de nação proposto polo nacionalismo galego e, de confirmar-se, a negação do Tribunal Constitucional a admitir no novo Estatut tanto a referência ao reconhecimento de Cataluña como nação pola maioría do Parlament, como a obrigatoriedade do conhecimento da lingua catalá naquel territorio, todo indica que, passado o momento crítico da transição e da primeira estruturação política, as instituiçôes do Estado espanhol respiram baixo a influencia de um pretérito nacionalmente castrador. Não é alheio a isto o crescente apoio do Estado a Madrid como antagonista político, económico-financeiro, mediático, cultural e, mesmo, deportivo do Estado das autonomias.
Nesta situação, vivendo paradoxalmente neste excepcional e já duradeiro momento democrático, no referente à estruturação do Estado cabem tres vias diferenciadas. Uma primeira, reaccionaria e aintihistórica, insistiria em consolidar ao Estado espanhol e a Espanha como nação única (desde a negação do pacto politico sobre as nacionalidades á utilização do castelam como arma mortífera contra as demais línguas e à centralização das Caixas; desde a estrutura radial das comunicacôes, a “la roja” e à pretensão de recuperação de competências como as da sanidade ou da educação universitária…). Outra via, compatível com todo o conseguido no Estado das autonomias, seria a da evoluçâo cara um Estado plurinacional, inscrevendo-se nela as propostas de Estatuto de nação em Euskadi, Catalunya e Galiza. Numa terceira (que se pode constituir em inevitável se a plurinacionalidade é negada polas Cortes ou polo chovinista e irreversivelmente desprestigiado Tribunal Constitucional) o autogoverno de Galiza, como o das outras naçôes sem Estado, passaria por uma decidida e independente estruturação política, económico-social e cultural interna, dispondo de uma projeção exterior própria, opção sempre precisa e não incompatível com outras formas de autogoverno como nação europeia.
Mantendo a perspectiva da autodeterminação institucional, o país galego tem capacidade para empreender este último caminho. Hoje Galiza está submetida ao poder político concentrado em Madrid; mais não o necessita. Conta com uma experiencia de autogoverno que se estende ao fundamental das questões relacionadas directamente com a vida dos cidadãos. Desfruta de um território naturalmente privilegiado e geográficamente central. Tem, inequívocamente, capacidade económica para viver por sí mesma no espaço peninsular e europeu, dispôe de uma industria máis internacionalizada que a espanhola e pode contribuir no preciso nas obrigas derivadas da presença em instituiçôes em que participe. A sua personalidade lingüística e cultural tem um carácter próprio, nacional e universal.
Naturalmente, todo depende, como factor decisivo, por que em consequência o nacionalismo pense a Galiza como uma nação no mundo, abandonando estrategias inseguras e precautórias e esquecendo posiçôes fundamentadas básica e absurdamente em dispor de peso em Madrid, ignorantes de facto da dimensão europeia e universal da história, a gente e a cultura do nosso país e devedoras da visão negativa da realidade galega projectada pola ideologia estatal. Desde o valor de todo o feito até este momento, mais assumindo, como organização imprescindível, estruturas internas e programas nacionais e sociais avançados e democráticos que, procurando a hegemonia política, possam ser partilhados pola maioria da sociedade,.
Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004. »